Começo esta carta logo a pedir-lhe desculpa, mas muito sinceramente não tenho tido oportunidade de lhe escrever. Sim é verdade que quando tenho oportunidade sou demasiado egoísta no meu cansaço para o fazer. Bom mas vamos parar com estas coisas e falar do que é importante.
Como é que têm andado as suas pernas? Sem bengala espero! E esses olhos que tal? Desde que foi operada às cataratas que vê como uma rapariga nova. Tem dado as suas voltinhas? E a identificação? Leva-a sempre ao pescoço como combinado? Não se esqueça de ir logo de manhãzinha pelo fresco, e... de tomar o pequeno almoço para não se sentir mal.
Eu?!!! Eu estou como sempre, a trabalhar, um dia depois do outro, e à espera das férias para a ir visitar. Prometo que desta vez a minha visita durará mais que quinze minutos, e que dará tempo para fazer as suas (nossas) fatias douradas, com um chá de tília a ferver que durará duas horas e um quarto a ser bebido. Sempre acreditei que me fazia o chá tão quente de propósito, para ficarmos os dois na conversa a tarde toda, a falar da sua vida. As horas passavam connosco a passear pela sua vida, eu ainda tinha muito pouca, e a que viria a ter ficaria em grande parte influenciada pela sua, com chá, fatias douradas, torradas com doce, daquele doce que só as longas tardes com as avós fazem sentido.
Esta carta vai já para o correio, mas amanhã continuamos.
Kim Deal, Opus 1
Há 9 horas
1 comentário:
esta mensagem toca, pena é que a endereçada não a saiba ler.
mas leu a filha da endereçada, que ficou de veras emocionada.
F.M.
Algarve.
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