quarta-feira, 28 de abril de 2010

Babel

Tenho uma comissura entre as folhas de devoluções, “Auster para aqui, Onetti ali, e o Sebald, Hugo, Rennie Airth, Hesse, Moravia, Shepard, Mutis, Chris Petit, Ilse Pollack, Kaminer, e foda-se…”. Desramo os dias como num antelóquio ministerial. Dias com murídeos nos olhos, a traquinar entre as pestanas, cerrá-las às sete pancadas rítmicas.
As devoluções são Jim Black em catadupa, porradas no crash do ceroferário da Livraria.
“Se eu tirasse o doutoramento…”
“ Mais uma devolução. Podes separar?”, e nascem quadros nas coisas que agarram a Bertrand, Sodilivros, Centro Atlântico. Castelos nas minhas mãos caladas, cada vez mais caladas, são silêncio ou o desejo de o ser, “ Se eu continuasse a tocar…”.
Sou um hipomóvel sem cavalo.
Abre mais uma Livraria, e eu nada. Dizem que é assim, assado e tal, nada. Cartuxo até à medula. Se gosto de novidades? Virtualmente em segunda mão... gosto assim-assim.

Chá em Praga


Planificação da noite

Estás de preto outra vez, e fica-te bem deixa-me dizer. És tão bela nessa posse romântica, estrela noir de uma qualquer película fumarenta. Hoje não existirá lugar para a mentira. Estaremos os dois de trenchcoat,  a fumar para cima um do outro, e "ligas a música?", talvez. Descansaremos no sofá vermelho, virá o passado, presente; e mataremos as luzes, enchendo na penumbra o cinzeiro de segredos.
“ Não quero que nada disto acabe”, e eu só mãos, a tentar a tua cara ”viste o filme que anunciaram?”, calamo-nos. Adormecemos como dois gangsters, a planear a próxima noite.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Demónio a ler










Para quem se interessa pela estória da tirania, fique a saber: o DEMÓNIO lia -afinal não era a fingir.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

UM SINAL

Estou sempre a começar, recomeçar, rascunhar e apagar esta treta. Bom mas agora lá vamos, mesmo cheios de partículas vulcânicas no ar – ninguém me tira da cabeça que isto é obra e graça do Alexanderplatz (coisa fina, moderna). As historietas estão aqui: o je vai lançá-las à bruta.


Teresinha está sentada em frente do televisor, enrola-se num cobertor, bebe uma cerveja morna. Há pessoas a morrer à sua frente, atrás de si. Dário está calmo, sentado ao lado, quase vivo, quase morto, um cigarro entre os dedos amarelos.

- Tens frio?
- Eu não – diz a Teresinha enquanto se esfrega na manta às bolinhas amarelas. Prenda de casamento.
Calam-se os dois, cada um para o seu lado do sofá, da vida.
- Foda-se, sou estúpido ou quê? Se tás enrolada nessa merda, por alguma razão é!
- Não me chateies Dário.
Dário tosse durante algum tempo, acende outro Camelo, aproxima-se dela, belisca-a.
- Desculpa lá. Sou memo bruto às vezes . Quê que queres…tá-me no sangue – afaga-lhe os cabelos pretos, brinca com o nariz dela – é por causa daquela merda da porto editora…pode ser que não te despeçam.
- Sim, pode ser…que não, o Papa vem cá e tudo.
- Tás a ver, é um sinal essa merda. É UM SINAL. Até os sonic vem cá…é um sinal.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Se calhar não.

Eu queria acabar com esta merda.  A sério. Queria mesmo, categoricamente, assim pumba já está. Mas a minha mãe pediu-me: mãe é Mãe - acha que tenho queda para a coisa. Ora então vamos lá recomeçar, com historietas porreirinhas, com garra, vida: parvoíce com fartura, coisa fina. Uma cena moderna, modernaça. Prá frentex... Vamos ver.