quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Novembro

Em Novembro, as noites vão caindo mais cedo em cima de nós. O céu começa a partir-se e a lavar as ruas; os transeuntes que teimam em não usar sombrinha; assim como os cães dos vizinhos às ombreiras das portas.
Em Novembro iniciamos a leitura das coisas tristes, ficamos deprimidamente felizes, nostálgicos, com castanhas a arder nas mãos. Mãos paulatinamente gretadas, o sangue a escorrer até às unhas, que chupa-mos sem medo, mas com dó. Nada nos mantêm aquecidos em Novembro, nem sequer aquela manhã com sol, com café a realizar desenhos no ar, afluindo à dança produzida pelo cigarro em espirais de beleza tóxica.
Em Novembro, todos somos mais e mais sós, solitários ao frio − como no conto de Maupassant −, tendo como certeza a impossibilidade de companhia efectiva, concreta, na imensidão de gotas que nos vão encharcando o claustro.
Novembro, nome triste.
Novembro cor de maçã podre.
Novembro nome de estação de caminho de ferro, onde está alguém, com folhas nos dedos compridos, enquanto espera o último comboio para aquele lugar, outro lugar. É sempre outra a estação que espera alguém. A outra estação que certamente estará vazia, sem ninguém.
Em Novembro nasce Camus, numa quinta da antiga aldeola de Saint-Paul, perto de Mondovi, a sul de Annaba. Nasce após uma viagem de carroça, o que não é de todo um bom prenúncio. Nove meses bastam na sua vida para eclodir a Primeira Guerra Mundial. E depois está lá tudo no “Primeiro Homem”.
Novembro é mês de revisitar os mestres, tristes mestres.
Está quase a chegar o Entrudo, pode ser que tudo isto passe. Pode ser.

1 comentário:

Anónimo disse...

em novembro ,tudo é triste, melancolico,mas vem o natal não tarda a chegar, luzes nas ruas, tantas luzes, as crianças saltam riem escrevem cartas ao pai natal, pedindo os seus brinquedos preferidos, fazem-nos voltar ao nosso tempo de crianças, que trite foi o meu, passou ficou para tráz, e como tento que o passado esqueça, vamos viver o presente. presentes estão os nossos filhos os nossos netos.temos o dever de os fazer felizes, vamos viver o natal com a felicidade das crianças.
F.M.