Era uma casa. Uma casa é sempre uma casa que inevitavelmente vive em núpcias com o seu morador. Era uma casa castelo, uma casa livros, uma casa açúcar no leite do pequeno-almoço, uma casa que se queria assombrada.
Era uma casa pão. Uma casa gorro para ir para a escola. Eram autocolantes nos vidros do quarto, a Câmara municipal em frente. E havia beijos de manhã; à tarde; à noite “ Até amanhã mãe se Deus quiser”, e a mãe acordava do seu sono “ Dorme filho”.
Uma casa poema, música − os primeiros acordes . Uma casa filme “ Dorme bem filho. Desliga a luz.”, e o filho nada. E o filho de núpcias com a casa, sem a largar, preso voluntariamente, a ouvir a mãe no interior do seu quarto, à espera.
Kim Deal, Opus 1
Há 10 horas
1 comentário:
uma casa cheia de recordações grande casa aquela, cheia de recordações.
beijkas.
m.f.marcos
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