quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Variações sobre a casa

Era uma casa. Uma casa é sempre uma casa que inevitavelmente vive em núpcias com o seu morador. Era uma casa castelo, uma casa livros, uma casa açúcar no leite do pequeno-almoço, uma casa que se queria assombrada.
Era uma casa pão. Uma casa gorro para ir para a escola. Eram autocolantes nos vidros do quarto, a Câmara municipal em frente. E havia beijos de manhã; à tarde; à noite “ Até amanhã mãe se Deus quiser”, e a mãe acordava do seu sono “ Dorme filho”.
Uma casa poema, música − os primeiros acordes . Uma casa filme “ Dorme bem filho. Desliga a luz.”, e o filho nada. E o filho de núpcias com a casa, sem a largar, preso voluntariamente, a ouvir a mãe no interior do seu quarto, à espera.

1 comentário:

fernanda disse...

uma casa cheia de recordações grande casa aquela, cheia de recordações.
beijkas.
m.f.marcos